Caminhando

Não sou muito adepta de caminhadas. Gosto delas… São importantes para a saúde, bem estar do corpo e mente e tudo o mais, mas não sou uma fã de carteirinha delas. Fazer o quê? Esta é a Marceli, a única que conheço. Entretanto, caminhar tem o seu lado positivo, como tudo na vida tem. Para mim, a parte boa é poder pensar, é saber que à medida que os passos são dados um universo de ideias jorra da minha mente.

Quando caminho já não existem barreiras do tempo, do espaço, nem limites. Existe apenas eu, a estrada, e o horizonte a frente que serve de paisagem para a minha arte de pensar. Foi o que aconteceu hoje, em plena caminhada pelo calçadão da praia. Haviam pessoas ao meu redor, gente indo, gente vindo, carros passando, cachorros acompanhando os donos, mas, para mim, nada disso importava, isso sem querer desmerecer a existência de tudo, porque a única coisa que eu ouvia era a voz das minhas próprias inspirações.

Não sei dizer se realmente posso chamar tudo isso de inspirações, mas sem dúvida alguma posso usar humildemente a palavra, ideias. Denominações a parte, o fato é que caminhadas propiciam novas formas de assimilar o que se passa ao nosso redor, maneiras inusitadas de compreender uma mesma realidade compartilhada ou não com outras pessoas.

Gosto das caminhadas neste sentido, gosto mesmo porque descubro uma nova Marceli. Uma Marceli menos preocupada com o que vão pensar dela andando e olhando as nuvens. Uma Marceli que já não se chama Marceli, que é meramente uma anônima para todos que passam por ela. Uma garota que caminha olhando para o alto em busca da compreensão da própria vida. Louca, altista? Talvez um pouco destas duas coisas, mas certamente  muito mais do que isto, realmente muito mais…

(Robin Thicke – Cry no more)