Assim como um vinho?

Dizem que mulher é como o vinho, à medida que vai envelhecendo consegue melhorar as suas características e, consequentemente, o próprio valor. Mas, nesta manhã de pessimismo absoluto, não tenho tanta certeza disto.

Não conheço nada sobre a ciência da enologia e minha única exigência quanto a vinhos é que sejam doces e suaves (isso quando raramente os consumo). Porém, após aceitar meu amadorismo no assunto, mantenho me questionando se, assim como os vinhos, eu realmente estou amadurecendo para chegar a minha “melhor forma” ou se, de repente, por alguma razão contraditória, o efeito inverso está acontecendo com o meu sabor.

Parece que com o passar dos anos ao invés de eu me tornar uma pessoa mais interessante,  como os próprios vinhos, me transformei em alguém mais retraído, menos sem graça. Dentro da minha pessoal “metamorfose ambulante”, como já me apossei da expressão em um post anterior, deixei de gostar de “bagunças”, de lugares cheios e até mesmo do convívio com algumas pessoas.

Não sei se este efeito de certa amargura ou seriedade também seja algo particular aos vinhos. Mas, o fato é que eu estou mudando, e quando olho para trás quase não me reconheço como sendo a mesma pessoa. Não tenho o mesmo sabor, minha cor se transformou de um rosa límpido e claro para um conservador pink, ainda que chamativo, mais sério e com uma certa sobriedade do tempo. E não consigo deixar de me perguntar se os vinhos também sofrem esta metamorfose e, mais importante do que isto, se todas estas mudanças são realmente positivas e se vão mesmo melhorar o sabor de quem eu sou!?

(Música: The Civil Wars – Poison & wine)