Olhar para o lado não é uma opção

Não costumo olhar para o lado. Não que eu não queira, eu quero! Mas, não consigo.

Eu sei, essa minha primeira frase tem certo ar de egocentrismo, achismo ou qualquer outro “ismo”. Mas, garanto não se trata disso. Na verdade, é o contrário. É insegurança e medo de olhar pro lado e perceber de que não estou sendo notada ou de me sentir apenas mais uma pessoa nesse mundo.

Algumas pessoas precisam e gostam de ostracismo. Não condeno isso, só que eu sou diferente. Eu preciso de atenção.

Me pergunto o que aconteceria se eu tivesse coragem de desviar ligeiramente o olhar, apenas alguns segundos, para saber o que aconteceria. Será que eu veria caras de espanto como se as pessoas vissem em mim uma aberração? Será que ninguém se daria o trabalho de olhar na minha direção?  Não sei, e essa incerteza me faz continuar a olhar pra frente, fingindo que pouco me importo com os olhares alheios ou não.

Prefiro olhar para o lado quando tenho absoluta certeza de que ninguém está me notando, ou quando sei que a outra pessoa está distraída com seus próprios pensamentos e afazeres. Desta forma, garanto que meus olhos não se encontrem com os de um estranho, e eu não possa criar – na minha imaginação maluca e conturbada demais – conspirações contra mim mesma.  Olhar para o lado não é uma opção.

(Paramore – The only exception)

E se…?

Quais são os tons da cor rosa? - Estudo Prático

Você já parou para pensar que a vida que você tem hoje é resultado de uma equação que, mesmo que você não queira, leva em consideração não apenas as escolhas que você fez, mas também aquelas opções que você tinha em uma determinada época, mas que foram jogadas de lado por “N” razões indiscutíveis agora?

Sim, as suas opções não escolhidas também ajudam a moldar o seu destino, se refletem no seu presente, e mais do que isso, representam muito de quem você é hoje. Quando penso isso, particularmente falando, me dá um certo frio na barriga. E se eu tivesse escolhido outro caminho? Falado outras palavras? Dito “Vamos conversar” ao invés de “Adeus”?

Não sei quem eu seria hoje se não fossem minhas possibilidades e minhas escolhas. Talvez alguém mais corajosa, mais realizada ou feliz? Quem sabe o contrário, talvez tivesse me tornado uma pessoa com ainda mais medos, infeliz e estaria agora apenas vagando por aí sem um destino certo.

Não gosto da ideia de voltar atrás. Não que eu tenha medo de admitir meus incontáveis erros. Não é nada disso. Apenas não considero relevante querer alterar um passado que é cientificamente incapaz de ser modificado (até o momento). A vida é apenas uma, a de agora, esta que vislumbro no presente. E, por mais que ache interessante a ideia de parar alguns instantes para pensar no “E se eu tivesse feito aquilo…”, mesmo que fosse possível, não quero mudar minhas escolhas que podem ter sido inconvenientes e até excessivamente equívocas, mas me conduziram a construir o ser irreverente que hoje eu sou.

(Ouvindo: Sara Bareilles – Breathe Again)

Quase

Fonte: Reprodução

No meu passado, no presente e, sem sombra de dúvida, também no futuro existem – e ainda existirão – momentos que nunca vivi, mas que conservo na memória com absoluta precisão. São experiências quase vividas, quase compartilhadas com o mundo, quase reais. Se não fosse o “quase” empregado na questão, talvez minha vida seria mais repleta de certezas e de experiências verdadeiras. Quem sabe seria mais feliz, mais completa. Mas, o fato é que eu jamais saberei…

Estes momentos já foram, são “águas passadas” e não ressurgirão das cinzas para que eu possa decidir diferente. Minhas atitudes me condenam junto com todas as minhas escolhas.

Sobretudo, não me arrependo dos caminhos que escolhi trilhar. Tenho consciência de todo o embasamento levado em consideração no momento crucial em que parei, olhei para um lado, para o outro, e optei pelo caminho que me parecia mais seguro, agradável. Só que apesar das convicções absolutas, ainda fica uma ponta de dúvida que sempre se elucida com a mesma frase “E se eu tivesse feito tudo diferente?”.

(Within Temptation – All I need)

A inexistência das certezas

Não faz pouco tempo que venho tentando encontrar uma maneira de descobrir se as minhas decisões estão me conduzindo para o exato caminho que devo seguir, e digo isso baseada na crendice pessoal de que existe um destino, uma espécie de vontade do futuro que vai além da minha vã compreensão. Apesar das tentativas frustradas desempenhadas por meio de leituras, no momento inomináveis, e de pensamentos que se perdem quando os olhos fixam no infinito, o mais próximo que cheguei de uma conclusão aceitável foi partindo da dedução de que é impossível se ter certeza de coisa alguma nesta vida.

Gostaria de poder dizer o contrário, queria poder falar com o peito aberto que existe um jeito de comprovarmos o certo e o errado escolhidos diariamente. Mas, infelizmente ou felizmente, não há meios de se promover tal desejo. As nossas escolhas são tão imprevisíveis quanto o próprio amanhã. Mesmo que o dia seguinte esteja próximo, tão próximo quanto as possíveis consequências que temos consciência de que vão se suceder com nossas respectivas ações, não se pode ter certeza de nada. Certezas não existem.

Sei que tal verdade chega até a dor. Como ser humano, compreendo que precisamos nos apoiar em certezas para construir a confiança em nós mesmos e até mesmo nas outras pessoas que compartilham o dia-a-dia. Mas, sem querer ser rude ou realista demais, esta é uma realidade imutável: Jamais saberemos se estamos ou não no caminho certo, entretanto isto não impede de continuar experimentando as possibilidades da existência terrestre.

(Beyoncé ft. J. Cole – Party)

Protagonistas da história

A gente tenta escapar do óbvio, mas não adianta.  Não tem como fugir da verdade de que muitas coisas só aprendemos mesmo com os nossos próprios erros. Não adianta a tua mãe dizer, teu pai bater na tecla mil vezes, amigos aconselharem ou o vizinho gritar no teu ouvido. Por maior que sejam os avisos e insistências a gente só aprende as mais importantes lições da vida quando quebramos nossas caras.

Parece uma contradição constante (e, provavelmente o seja de fato), mas os fumantes só percebem o mal que o vício faz quando adoecem com cânceres e derivados. Os alcoólatras, mesmo dizendo que nunca foram alcoólatras, que tem total controle sobre as “cervejinhas”, só param de beber (ou tentam) quando as diabetes assombram as suas vidas ou quando já estão na fila para um transplante de fígado. E, assim a vida segue da melhor (ou pior) maneira possível.

É engraçado pensar como somos os vilões das nossas próprias vidas. Lógico que dificilmente alguém é capaz de admitir a sua culpa. É sempre mais fácil jogar a responsabilidade para ciclanos e fulanos ou, quem sabe, para o mal da hereditariedade. Assumir a triste verdade de que somos os únicos culpados pela nossa “falta de sorte” demora um pouco para ser digerida. Raros são aqueles que conseguem perceber que são os protagonistas da própria história. E, o irônico de tudo isso é que quando se consegue notar tamanha realidade já pode ser tarde demais.

Portanto, em linguagem chula e direta, pense um pouquinho antes de cavar a própria cova ou de tentar construir uma máquina do tempo para voltar ao passado e refazer dezenas de escolhas.

(Música: Lady Antebellum – I need you)

A jornada do livre arbítrio

As ações comandadas por nós a todo instante dependem única e exclusivamente de algo chamado livre arbítrio. Isto é, das nossas escolhas, preferências e opções acerca de tudo o que se sucede na vida. Sempre temos a liberdade para fazer ou não fazer, agir desta ou daquela forma, ser bom ou mau. É uma questão de princípios morais e, especialmente, pessoais.

Nascemos com este direito que não nos pode ser negado ou tão pouco escondido, trata-se de uma garantia vitalícia. À medida que os anos transcorrem e as experiências, principalmente aquelas provindas de alguma espécie de erro, nos tornam mais maduros e sensatos, a nossa capacidade intrínseca de escolha também se desenvolve. A partir daí somos capazes de comandar escolhas mais frutíferas para os nossos dias.

Tudo acontece dentro de uma mesma proporção. Quanto mais ingênuos e inocentes, maiores as chances de exercemos o livre arbítrio de forma imatura e desgovernada. Ao passo que quando crescemos, especialmente espiritualmente, nos tornamos mais aptos ao exercermos a liberdade de escolha.

Sempre irão existir dois caminhos (às vezes, muito mais do que isso) que nos direcionam a resultados diferentes. Cabe inteiramente a cada um optar por um deles e ser senhor do seu destino. Com a liberdade nas mãos, somos os únicos responsáveis pelas nossas ações e, desta forma, devemos conduzi-las pelos caminhos que nos garantem a paz de espírito e a felicidade. Boa sorte nesta jornada!